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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Massacre nos Jogos Olímpicos de Munique foi apoiado por neonazis alemães

Quarenta anos depois do massacre nos Jogos Olímpicos de 1972, documentos oficiais sugerem que a Alemanha sabia dos contactos entre neonazis e terroristas palestinianos antes do ataque.


Em 1972, 11 atletas de Israel foram feitos reféns em Munique pelo grupo palestiniano Setembro Negro, e diante da acção frustrada da polícia local, acabaram mortos. Foi a maior tragédia nos Jogos Olímpicos e um dos maiores atentados terroristas na história do desporto. Quarenta anos depois, um segredo até aqui muito bem guardado veio à tona. Afinal, a Alemanha terá tido conhecimento do ataque, e apelado aos terroristas para evitar o derramamento de sangue em território alemão. 
Segundo a revista "Der Spiegel" - um dos mais importantes semanários europeus, com uma circulação semanal de mais de um milhão de exemplares -, que cita documentos oficiais, o massacre em Munique foi apoiado por neonazis alemães. A ser verdade, a história dos Jogos Olímpicos vai precisar de ser reescrita. O episódio agora revelado pode explicar muita coisa.
Recorde-se que, na sequência do massacre, o Governo da RFA, então liderado pelo primeiro-ministro Willy Brandt, não permitiu a intervenção de uma equipa de operações especiais do Tzahal, contrariando uma proposta da primeira-ministra de Israel, Golda Meir.

Os documentos secretos provam...


A revista "Der Spiegel", também em edição online, adianta que obteve a informação de que o massacre contou com o apoio de neonazis alemães nos arquivos da Bundesamt für Verfassungsschutz (Escritório Federal de Protecção da Constituição), fundado no começo dos anos 50, que é o serviço de inteligência interno da Alemanha, com sede em Colónia.
Os documentos analisados pela revista indicam, nas mais de duas mil páginas, que Abu Daud, o palestiniano mentor do massacre, viajou até a Alemanha em Julho de 1972 para planear o ataque, tendo sido ajudado por Willi Pohl, um conhecido neonazi alemão. Não está claro, porém, se outros neonazis estiveram envolvidos. 
Ainda de acordo com os documentos, a polícia de Dortmund, que manteve Abu Daud sob vigilância, tomou conhecimento das diversas entradas e saídas do terrorista no país, e que o neonazi alemão se vangloriava de ter contactos com uma ala radical da Organização para a Libertação da Palestina, o que a polícia também tinha tido conhecimento.

... que os serviços secretos nada fizeram para impedir o ataque


Segundo a revista, o relatório da polícia foi amplamente divulgado na época, mas não houve nenhuma evidência de que os serviços de inteligência tivessem feito qualquer tentativa para deter Daud, que assim conseguiu preparar o seu plano para atacar a Aldeia Olímpica de Munique.
Além disso, o neonazi Pohl também pôs Daud em contacto com um especialista em falsificação de passaportes, tendo atuado também como seu motorista particular. E a polícia alemã sabia. Em declarações à revista alemã, Pohl - que renunciou ao terrorismo e à atividade neonazi, e agora é escritor de livros policiais, tendo mudado de nome - disse que conduziu Abu Daud "por toda a Alemanha", e que o terrorista participou em "reuniões com palestinianos em várias cidades" antes do massacre.
Polh disse ainda á revista que esteve ligado ao massacre "sem o saber", mas a verdade é que os documentos sugerem que foi o neonazi alemão quem ajudou o terrorista a adquirir as armas que podem ter sido utilizadas no ataque.
Consta também dos documentos que Pohl - que acabou por ser detido em outubro de 1972 -esteve envolvido num plano de ativistas palestinianos para realizar uma série de sequestros em Colónia e noutras cidades da Alemanha, para vingar a morte de palestinianos mortos a tiros pela polícia após o massacre de Munique.
A revelação faz cair por terra a versão de que o massacre, realizado na tentativa de assegurar a libertação de 234 palestinianos detidos em prisões israelitas, tinha sido uma acção da responsabilidade exclusiva do Setembro Negro.
A operação "A Cólera de Deus", levada a cabo em 1973 por Israel e pelo Mossad  (serviço de inteligência israelita) para matar os terroristas do Setembro Negro inspirou um livro (Vengeance: The True Story of an Israeli Counter-Terrorist Team, do jornalista canadiano George Jonas), e um filme "Munique" (2005), de Steve Spielberg. 
Fonte: Jornal Expresso

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