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Durante os últimos anos, surgiu em Hollywood uma nova tendência: as sociedades secretas tornaram-se no tema de vários filmes de cinema. Alguns podem achar isso surpreendente, pois é suposto as sociedades secretas serem... bem... segredo. Muitas pessoas na indústria do cinema fazem parte dessas Irmandades, então qual é o raciocínio por detrás disso? Vamos olhar para o mito que Hollywood está a tentar criar, analisando "O Tesouro" ("National Treasure") e "Anjos e Demónios" ("Angels and Demons").
Uma década atrás, filmes sobre a Maçonaria ou os Illuminati eram raros e distantes (veja aqui uma boa lista de referências maçónicas em filmes). Houve, no entanto, uma grande mudança durante a última década. O público de todo o mundo tem assistido a filmes de grande sucesso onde figuram as Irmandades como tema central da história. Os seus símbolos esotéricos são abundantemente exibidos e em alguns é ainda explicada a sua história. Por que é que estas sociedades se expõem aos cinéfilos que, na maioria das vezes, nem sequer estão conscientes da sua existência? Não é o segredo um requisito importante para a sobrevivência dessas ordens?
Uma mudança importante está a ocorrer nas estratégias de comunicação destas sociedades de elite. O advento da Era Digital, onde qualquer pessoa pode criar e publicar conteúdos, tornou o sigilo de tais organizações impossível. Sites auto-publicados, livros, documentários, DVDs e outros meios de comunicação, expuseram muitos segredos da Maçonaria e outras ordens. Informações que só poderiam ser encontrada em livros raros e exclusivos estão agora à distância de uma pesquisa no Google. Encontrei alguns maçons que estavam espantados com o nível de conhecimento possuído pelo "profano". Esse tipo de estudiosos maçónicos, que na verdade não são iniciados na Fraternidade, eram muito raros, não há muito tempo atrás.
Como a era digital é irreversível, as ordens ocultas adaptaram a sua estratégia a este novo contexto (eles provavelmente já previam isto há anos). A estratégia é: "Se eles vão ficar a saber sobre nós, nós vamos dizer-lhes o que saber". Através de Hollywood e de best-sellers, as sociedades secretas estão a ser apresentadas ao cidadão comum, mas com uma GRANDE condição: ao público é dada uma interpretação distorcida, caricatural e romântica das sociedades secretas. Estão a introduzir na cultura pop uma tradição mítica em torno das sociedades secretas, associando-as a símbolos fascinantes, caça-tesouros e aventuras exóticas. Os espectadores acreditam que estão realmente a aprender factos sobre a Maçonaria ou os Illuminati e ficam com uma sensação de fascínio, maravilha e admiração. Esses sentimentos são, porém, baseados em factos totalmente erróneos, explicações dúbias e contos de fadas. Depois de ver esses filmes, o espectador fica com uma predisposição positiva relativamente a essas ordens e fica menos inclinado a acreditar e pesquisar conspirações relacionadas com elas.
"O TESOURO"
Este filme de aventura de sucesso foi produzido pela Walt Disney Pictures, uma marca que garante o entretenimento familiar. Assim, os pais podem levar os seus filhos e desfrutar de uma agradável sessão de desinformação maçónica. O filme gira em torno de uma caça ao tesouro, com base em pistas deixadas por maçons proeminentes na Declaração de Independência.
O filme começa com a personagem principal (interpretado por Nicholas Cage) quando era menino, em busca de informações sobre a sua história familiar. O avô do rapaz chega e conta-lhe (e à plateia) uma história totalmente falsa e distorcida sobre os Cavaleiros Templários e os Maçons.
Aqui estão algumas das afirmações:
"Os Cavaleiros Templários encontraram, sob o Templo de Salomão, um grande tesouro que estava perdido há 1000 anos. Eles trouxeram-no de volta para a Europa."
Foi dito que os Templários possuíam artefatos religiosos extremamente raros. Eles foram encontrados sob o Templo de Salomão? A lenda diz que sim. O filme no entanto descreve o tesouro como moedas de ouro, estátuas e tal.
"Os Templários decidiram contrabandear o tesouro para os Estados Unidos e mudaram o seu nome para Maçons."
É aqui que tudo se desmorona. Os templários não mudaram o seu nome para maçons no alvorecer da civilização americana. Os templários desapareceram efectivamente em 1312, mais de 400 anos antes da criação dos EUA.
"Aparentemente intocáveis por quase dois séculos, os Templários caíram espectacularmente em desgraça após a perda da Terra Santa: em 1307, todos os Templários na França foram presos sob a acusação de heresia, homossexualidade, negação da cruz e adoração do diabo. A ordem foi suprimida pelo Papa em 1312, e Jacques de Molay, o último Grão-Mestre, foi queimado na fogueira como herege dois anos depois."
Sean Martin, "Os Cavaleiros Templários"
A Maçonaria não são uma instituição americana, como insinua filme. É uma sociedade secreta europeia que data da Idade Média, que abriu lojas na América do Norte para expandir o seu alcance. O objectivo da Maçonaria não é para "proteger um grande tesouro templário". Trata-se de uma antiga ordem de construtores que incorporaram nos seus ritos, ao longo dos anos, os ensinamentos dos Templários, dos Rosacrucianos e dos Illuminati.
Os Templários eram uma ordem oculta que havia lutado nas Cruzadas, ao lado da Igreja. Foi durante a sua estadia no Médio Oriente que eles adquiriram o conhecimento oculto do misticismo do Leste e o trouxeram para a Europa. Tornaram-se grandes banqueiros e construtores de catedrais (na qual incluiram simbolismo oculto). Eles eram conhecidos por praticar a Kaballah, diversas formas de magia e artes negras. Os seus interesses estavam em conflito com a Igreja Católica, o que acabou por levar à sua perseguição e morte.
Os Maçons podem ser considerados descendentes espirituais dos Cavaleiros Templários, devido ao seu estudo de ciências esotéricas, a sua construção de monumentos e a sua filosofia baseada em princípios gnósticos. A ligação entre os templários e os maçons está a ser explorada, devido à tradição mítica em torno dos Cavaleiros. Em outras palavras, é boa publicidade.
"Para garantir a grande popularidade para o rito [escocês], ele [Isaac Long] ligou-o directamente aos templários através de uma misteriosa lenda."
"Domenico Margiotta 33°", Adriano Lemmi
Assim, a parte "educacional" do filme dá, de facto, uma história mítica e romântica da Maçonaria. Alguns espectadores podem ver esta distorção como um facto, os outros vão associar tudo quanto é maçónico a um conto de fadas. O importante é que a verdade sobre a Maçonaria esteja oculta por trás de um véu de mitologia.
Interessante escolha de transição entre a face do avô que conta a história e a Pirâmide de Gizeh.
O seu olho torna-se no "Olho Que Tudo Vê" do Grande Arquitecto.
SIGNIFICADO ESOTÉRICO DO FILME
Monumento Maçónico em Washington - "As Above, So Below"
Como todas as verdadeiras histórias mitológicos, "O Tesouro" tem um significado esotérico para as massas ignorantes e um significado esotérico para os iniciados. Se a história esotérica serve para enganar o público, o significado esotérico encerra grandes verdades sobre as irmandades ocultas. Aqui está o significado oculto.
O "tesouro antigo" que era zelosamente guardado pelas civilizações antigas é, de facto, conhecimento oculto, os Mistérios, que poderiam quebrar os grilhões do materialismo e ajudar o seu possuidor a alcançar a divindade (Kaballah, alquimia, gnosticismo e ciências ocultas). Este tesouro desapareceu por 1000 anos do mundo ocidental, o que corresponde ao período cristão primário. O filme diz que o tesouro acabou por ser descoberto pelos Cavaleiros Templários em Jerusalém, sob o Templo de Salomão (edifício sagrado dos maçons) e trazido de volta para a Europa. De seguida, este conhecimento migrou para os EUA, através das sociedades secretas.
O herói do filme encontra-se em busca de iluminação e os enigmas que ele deve resolver representam as iniciações que ele deve passar antes de ter acesso a um conhecimento maior. Este tesouro todo-importante é simbolicamente sepultado sob a Trinity Church, em Nova York, numa gruta escondida, escuro e cavernosa. Ben Gates tem de acender a "tocha da iluminação" para encontrar o seu caminho para o conhecimento oculto. A tocha representa a doutrina luciferiana da Maçonaria Americana, instituída por Albert Pike. Nos graus mais altos, é ensinado que Lúcifer é o "portador de luz", o deus do Bem, que mostra a caminho para a iluminação.
Nicholas Cage com a tocha de Lúcifer
"A sua [altos graus do Rito Escocês] religião é Neo-gnosticismo Maniqueísta, que ensina que a divindade é uma entidade dupla, englobando Lúcifer, Deus da Luz e da Bondade, que luta pela Humanidade, e Adonai, Deus das Trevas e do Mal."
"Domenico Margiotta 33°", Adriano Lemmi
"Quando o maçon aprende que a chave do guerreiro é a aplicação correcta do dínamo do poder da vida, ele aprende o mistério do seu ofício. As energias ardentes de Lúcifer estão nas suas mãos e antes que ele possa seguir em frente, tem que provar a sua capacidade de aplicar correctamente (esta) energia."
Manly P. Hall, "Lost Keys of Freemasonry"
Voltando à história. Ben Gates, com a sua tocha luciferiana, encontra o caminho para a iluminação e obtém o acesso a uma fonte infinita de conhecimento. Durante a cena em que os heróis observam a sala do tesouro, eles encontram itens muito importantes: manuscritos da Biblioteca de Alexandria, estátuas egípcias e outros artefactos da antiguidade. Todos esses objectos se referem ao conhecimento oculto que foi comunicado através dos tempos por meio das sociedades secretas.
No final do filme, Ben Gates fala com o inspector do FBI e implora para que ele não não o mande para a cadeia. Mostrando o seu anel maçónico, o representante da lei diz que "alguém tem que ir para a cadeia" pelo o roubo da Declaração de Independência. A próxima cena mostra os "homens maus" (os não-maçons) a serem presos, apesar de não terem sido eles a roubar a Declaração. Vemos aqui um exemplo gritante do juramento maçónico a sobrepor-se à lei. O agente do FBI ignorou deliberadamente a lei para ajudar o seu irmão maçónico.
Anel maçónico do inspector do FBI
Então, o final do filme mostra os heróis ricos e felizes. Não há nenhum significado esotérico para isto, é apenas um final feliz da Disney.
"ANJOS E DEMÓNIOS"
Este filme é baseado no romance de Dan Brown, que incide sobre os Illuminati e a sua guerra contra a Igreja Católica. O herói atravessa Roma para salvar o Vaticano de uma mega-bomba que foi criada pelos agentes dos Illuminati para explodir à meia-noite. A primeira página do livro de Dan Brown afirma que "os Illuminati são um facto", incitando o leitor a tomar tudo o que vem escrito no livro como um facto.
No início do filme, Robert Langdon (interpretado por Tom Hanks) explica os Illuminati. Aqui estão algumas de suas reivindicações:
"Os Illuminati foram fundados por Galileu Galilei em resposta à recusa da Igreja em relação à sua teoria heliocêntrica."
Os Illuminati foram fundados oficialmente na Alta Baviera, por Adam Weishaupt, a 1 de Maio de 1776. Isto é mais que 130 anos depois da morte de Galileu, e nem é sequer no mesmo país. A associação do filme de Galilei aos Illuminati parece ser uma tentativa de associar o nome deste cientista brilhante à sociedade secreta de conspiração.
"De todos os meios que conheço para levar os homens, o mais eficaz é um mistério escondido." Adam Weishaupt
"Os Illuminati não foram violentos antes do século 17."
Nunca foram violentos, as suas acções foram baseadas em infiltração e subversão.
"Eles eram uma associação de cientistas, físicos e astrónomos, preocupados com os ensinamentos incorretos da Igreja, que se dedicava à verdade científica. O Vaticano não gostou, então a Igreja começou a "caçá-los e matá-los".
Os Illuminati não eram um grupo de cientistas dedicados ao avanço do conhecimento comum. O filme retrata falsamente a sociedade secreta como a contrapartida racional necessária à exigência de fé cega do Cristianismo e aos seus entraves ao avanço científico. Nesta óptica, o espectador comum não pode discordar com a descrição Tom Hank dos Illuminati e vê a ordem de uma forma favorável. O verdadeiro objectivo dos Illuminati era a destruição das instituições tradicionais, a favor de uma Nova Ordem Mundial.
Os objectivos desta poderosa organização dos Illuminati da Baviera foram:
1. A destruição do Cristianismo e de todos os governos monárquicos;2. A destruição das nações, a favor do internacionalismo universal;3. O desânimo do esforço patriótico e leal, marcados como prejuízo de mentes estreitas, incompatíveis com os princípios de boa vontade para todos os homens e com o grito da "Universal Fraternidade";4. A abolição dos laços familiares e do casamento por meio da corrupção sistemática;5. A supressão dos direitos de herança e propriedade.
Senhora Queenborough, "Occult Theocracy"
Os Illuminati da Baviera foram dissolvidos alguns anos após a sua criação. Há, no entanto, pesquisadores que dizem que os Illuminati se integraram na Maçonaria moderna. Pensadores Illuminati acreditavam que o alcance mundial de lojas maçónicas representavam a plataforma ideal para a propagação dos seus ideais.
Para resumir, os Illuminati não eram uma associação de cientistas brilhantes dedicados ao avanço das verdades científicas. Foram uma sociedade secreta que, agindo através da infiltração e subversão, tinha o objectivo de derrubar as instituições tradicionais, a fim de servir aos melhores interesses de uma elite secreta. É verdade que os Illuminati foram completamente anti-Igreja, mas esta guerra não foi a principal razão da sua existência.
Actualmente, os Illuminati são considerados uma ordem oculta que recruta potenciais candidatos dentro da Maçonaria para a continuação da sua agenda.
SIGNIFICADO ESOTÉRICO DO FILME
O trabalho de Dan Brown focou-se sobretudo nas sociedades secretas. Há uma razão importante pela qual ele tem o apoio total de Hollywood: as suas obras servem a agenda de desinformação.
No filme, os Illuminati ameaçam o Vaticano de "destruir a Igreja pela luz". "Luz" refere-se à explosão da bomba anti-matéria, mas também se refere à informação - propaganda e doutrinação. A única forma verdadeira de fazer com que as massas virem as costas ao Cristianismo não é destruir o Vaticano, mas mudar a maneira como as pessoas vêem a sua elite religiosa. Nessa óptica, o próprio filme é a bomba contra o Vaticano. Mesmo que a Igreja, com a ajuda de Robert Langdon, aparentemente prevaleça no final do filme, o espectador de "Anjos e Demónios" passou duas horas a ver todos os símbolos, rituais e figuras do Catolicismo a serem profanadas. Alguns exemplos: Robert Langdon destrói os arquivos do Vaticano, os candidatos ao papado são mantidos em jaulas como animais, um candidato é crucificado e queimado dentro de uma igreja, o túmulo do Papa defunto é aberto para revelar o rosto grosseiramente deformado, etc.
Candidato ao papado crucificado e queimado dentro de uma igreja
Todas essas cenas têm um forte significado simbólico que afecta profundamente a consciência dos espectadores. A aura santa e divina em torno do Vaticano é substituída por mortes terríveis, destruição e corrupção. Todo o filme retrata a instituição como uma relíquia do passado, inadequada, teimosa e reaccionária. Para completar, os espectadores aprendem que "toda a coisa dos Illuminati" era uma grande armação, planeada pelo filho do Papa (sim, aparentemente, o Papa teve um filho) para tomar a sua posição. Assim, o filme conta ao espectador que os Illuminati não existem na realidade e que a Igreja está tão corrompida que os seus membros estão prontos a cometer os pecados mais terríveis para obter poder.
Por último, os espectadores deixam o filme com as ideias exactas que a elite quer que eles mantenham: os Illuminati são um conto de fadas e, quando eles realmente existiram, eram uma associação de grandes pensadores dedicados ao avanço da ciência; a Igreja Católica não é santa, é uma instituição profundamente imperfeita e humana, que está fadada a desaparecer devido à sua aversão à ciência. Através deste filme, o Illuminati nega verdadeiramente a sua própria existência, enquanto que o seu plano para destruir as religiões através da constante doutrinação se mantém. A velha luta pelo poder entre a Igreja Católica e ordens ocultistas está a acontecer nas nossas telas de cinema e podemos ver claramente quem está a ganhar.
CONCLUSÃO
A tendência de ver as sociedades secretas retratadas nos livros e filmes não está prestes a terminar. O último romance de Dan Brown, "O Símbolo Perdido" ("The Lost Symbol") também se concentra em torno da Maçonaria e dos seus laços com Washington. Estas obras estão a aparecer agora como resultado da democratização da informação, que permite que às pessoas comuns o acesso a informação que antes era inacessível. Estes filmes têm a mesma finalidade que os símbolos ocultos: revelar e ocultar. Eles revelam aos iniciados, enquanto que enganam o profano. Os filmes de Hollywood têm sido usados para promover numerosas agendas, tais como a guerra do Vietname, o medo do comunismo, o medo do terrorismo islâmico, a promoção dos valores americanos, etc. Os filmes analisados acima simplesmente promovem uma nova agenda, que é a desinformação sobre as sociedades secretas.
Fonte: The Vigilant Citizen
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