O filme "Jogos de Fome" ("Hunger Games") passa-se num futuro distópico, onde as massas pobres e miseráveis vivem sob a tirania de uma elite rica e de alta tecnologia.
Será que o filme nos descreve o tipo de sociedade elitista que estão a tentar estabelecer para a Nova Ordem Mundial? Vamos então analisar as características do mundo apresentado em "Jogos de Fome" e como elas se relacionam com os planos para uma Nova Ordem Mundial.
Lançado por uma campanha de marketing gigantesca, este filme não demorou a tornar-se uma sensação mundial, especialmente entre adolescentes e jovens adultos. Por vezes considerado uma nova saga "Crepúsculo", "Jogos de Fome" tem componentes semelhantes aos que levaram à febre por esse primeiro livro (ou seja, uma jovem dividida entre dois rapazes), mas o último ocorre num contexto muito diferente.
Situado num futuro distópico (porque é que o futuro é sempre "distópico"?), "Jogos de Fome" pinta um cenário bastante sombrio do mundo de amanhã, seja de um ponto de vista social, económico ou político. Em suma, é um grande pesadelo onde uma elite rica se sustenta por detrás de uma população faminta. Enquanto isso, a perversidade e o voyeurismo da media de massa são levados a níveis absurdos e usados pelo governo como uma cola para manter intacta a ordem social injusta. Será que o filme "Jogos de Fome" está a dar aos adolescentes uma amostra de um futuro não muito distante? Não é preciso uma bola de cristal para ver que a elite está a tentar conduzir o mundo nessa direcção. Vamos analisar o mundo ficcional, mais ainda, possível futuro, de "Jogos de Fome".
A NOVA ORDEM MUNDIAL PARA ADOLESCENTES
"Jogos de Fome" ocorre num contexto que vai impressionantemente ao encontro das descrições da Nova Ordem Mundial, planeada pela elite global de hoje. Uma das principais características da Nova Ordem Mundial é a dissolução dos estado-nação regulares para formar um governo único mundial, a ser governado por um poder central. Em "Jogos de Fome", esse conceito é totalmente representado, pois a acção acontece em Panem, uma nação totalitária, que engloba o território norte-americano. Os Estados Unidos e o Canadá ter-se-iam unido numa única entidade, um passo que muitos prevêem que vá acontecer antes da criação integral da NOM.
O Presidente de Panem aborda a Nação.
Em Panem, os conceitos de democracia e liberdade desapareceram para serem substituídos por uma ditadura de alta tecnologia com base na vigilância, monitorização, doutrinação da media de massa, opressão policial e divisão radical de classes sociais. A grande maioria dos cidadãos de Panem vive em condições terceiro-mundistas. Estão constantemente sujeitos à fome, pobreza e doença. Essas difíceis condições de vida são, aparentemente, o resultado de um acontecimento devastador que gerou o completo colapso económico na América do Norte. No Distrito 12, casa do herói Katniss Everdeen, os moradores vivem em condições semelhantes às da era pré-industrial, onde as famílias de mineiros de carvão viviam em barracos improvisados e comiam ratos às refeições.
Apesar das massas viverem em como se vivia em 1800, são, no entanto, subjugadas a uma vigilância high-tech, imposta por Capitol, que usa a tecnologia para monitorizar, controlar e doutrinar a população. Câmaras de vigilância, chips RFID e hologramas 3D são abundantemente utilizados pelo governo para manipular a vontade de uma população fraca e sem instrução (embora haja sinais de solidariedade e rebeldia entre os camponeses). Para preservar a frágil ordem social, Capitol usa uma força policial maciça que está sempre pronta a reprimir qualquer tipo de revolta. Os trabalhadores são, muitas vezes, confinados a campos de concentração de civis, onde lhes são mostrados vídeos de propaganda [propaganda, aqui, refere-se a um tipo de informação, geralmente com intuito de manipular] patrocinados pelo Estado. Panem é, portanto, um estado policial de alta tecnologia governado por uma elite poderosa que procura manter as massas numa situação de pobreza e submissão. Todos estes conceitos são também bem representados noutras formas de media; parece haver um esforço consciente para normalizar a ideia de um estado policial de alta tecnologia como a única evolução normal do sistema político actual.
Vivendo em contraste nítido com o proletariado, a elite em "Jogos de Fome" habita na brilhante cidade de Capitol e entrega-se a todas as extravagâncias e tendências da moda. Esse escalão superior da sociedade vê o resto da população como uma raça inferior para ser ridicularizada, domesticada e controlada. Todos os recursos valiosos foram retirados às pessoas que vivem nos distritos para o lucro de Capitol, criando uma divisão clara e intransponível entre as pessoas comuns e a elite. O conceito de uma elite opulenta que governa uma massa empobrecida e emburrecida (tornando-se assim facilmente governável) é um aspecto importante da Nova Ordem Mundial e é claramente retratado em "Jogos de Fome". A confiança do governo na media de massa e na alta tecnologia de vigilância para manter a população sob controlo é algo que nós já observamos e, se continuarmos nessa direcção, o mundo de "Jogos de Fome" em breve tornar-se-á realidade. Há outro conceito importante para a elite ocultista que está no coração de "Jogos de Fome": os sacrifícios de sangue para espalhar o medo e ganhar poder.
SACRIFÍCIOS DE SANGUE PARA A ELITE
Katniss é escolhida como "tributo" para o seu distrito.
O governo de Panem criou os "jogos de fome" a fim de lembrar as massas da "grande traição" que cometeram por se terem se envolvido numa rebelião. Como punição pela sua insubordinação, os doze distritos de Panem devem oferecer a Capitol um menino e uma menina, com idades entre 12 e 18 anos, para fazer parte dos "Jogos de Fome". Os adolescentes devem lutar até a morte numa arena ao ar livre, num evento do tipo gladiador romano, transmitido para todo o país. As regras dos jogos refletem o desprezo da elite e total falta de respeito pela população. O nome dos jogos, em si, é um lembrete do estado perpétuo de fome em que a classe mais baixa é mantida pelos governantes, a fim de melhor a controlar.
Os meninos e meninas seleccionados para participar nos "Jogos de Fome" são chamados "tributos", um termo que geralmente descreve um pagamento proferido por um vassalo ao seu senhor e reflecte, portanto, a servidão da população aos seus governantes. Desde tempos imemoriais que os sacrifícios de sangue eram considerados como a maior forma de "tributo" aos deuses. Tal como os antigos cartagineses sacrificavam crianças ao deus Moloque, os habitantes de Panem têm que sacrificar os seus filhos a Capitol. "Jogos de Fome" são, portanto, uma versão moderna desses rituais anuais em que as massas tinham que participar para evitar a ira dos seus superiores. A nação inteira de Panem é forçada a assistir ao ritual de sacrifício que ocorre em Capitol, incitando o medo, a raiva e a sede de sangue dentro dela, ampliando o poder do ritual. Já vimos que a morte de determinadas pessoas (Whitney Houston, Heath Ledger, Amy Winehouse) se torna num evento da media que se transforma, na realidade, num mega-ritual em que toda a nação participa. "Jogos de Fome" reflecte esse conceito de mega-ritual altamente divulgado.
Os "tributos" para os "jogos de fome" tornam-se propriedade do Estado e são-lhes revogados todos os direitos.
Em "Jogos de Fome", a morte ritualística dos jovens escolhidos das massas é vendida como um evento desportivo, uma celebração a nível nacional, empacotada sob a forma de reality show. Os pobres não somente participam nesses eventos humilhantes como também torcem pelos seus favoritos. Porque aceitam tudo isso? Uma das razões é que a media de massa consegue fazer as pessoas aceitarem qualquer coisa... é divertido.
APELAR AOS INSTINTOS MAIS BÁSICOS
Os jogos são transmitidos à nação, sob a forma de um reality show completo, com os anfitriões de TV que analisam a acção, entrevistam os "tributos" e julgam a sua performance. Os "tributos" são tão doutrinados nessa cultura que prontamente aceitam as regras do jogo e ficam totalmente dispostos a começar a matar para ganhar os Jogos. As massas também participam activamente no evento, torcendo pelos seus representantes distritais, apesar de todo o evento celebrar o seu próprio sacrifício. Isto reflecte um facto triste, mas esta é a verdade sobre os meios de comunicação: qualquer tipo de mensagem pode chegar às pessoas, se conseguir captar o seu interesse. Há duas coisas que automaticamente, quase irresistivelmente agarram a nossa atenção: sangue e sexo, os reminiscentes dos nossos instintos primitivos. A violência pura do evento atrai a atenção das massas, que se esquecem de que os Jogos foram feitos para ser um lembrete da servidão das pessoas à elite. Esse conceito já é bem conhecido e plenamente explorado na media de hoje, visto que as mensagens patrocinadas pela elite são constantemente vendidas aos consumidores como "entretenimento".
A dada altura, em "Jogos de Fome", a morte de uma menina choca a população, de tal forma que traz um breve momento de lucidez e solidariedade entre eles, pois a morte evidencia a atrocidade dos Jogos. A transmissão ao vivo dessa morte leva a uma violência crescente no seu distrito, os moradores tomam consciência de que participaram em algo terrível. A revolta é rapidamente sufocada pela força policial do Estado, sempre presente. Além disso, a fim de evitar mais problemas sociais, os produtores do show introduziram um novo elemento: o amor entre Katniss Everdeen e Mellark Peeta, a menina e o menino do Distrito 12. Com a introdução do amor (e consequentemente sexo) no show, os produtores conseguiram acalmar as massas e trouxeram-nas de volta ao seu estado habitual de silêncio. Essa parte do filme reflecte como a media é utilizada pelos poderes que existem hoje. O mundo da série "Jogos de Fome" prova que histórias que habilmente apresentam os ingredientes de sexo e violência conseguem facilmente prender a atenção das pessoas. E, apesar de "Jogos de Fome" parecer denunciar a perversidade e violência nos meios de comunicação social, com certeza está trazendo ainda mais aos cinemas.
DESSENSIBILIZAR PARA UM NOVO TIPO DE VIOLÊNCIA
Embora não haja escassez de violência em Hollywood, o filme "Jogos de Fome" cruza uma fronteira que raramente é vista nos filmes: violência por menores de idade e para menores. Neste filme, vemos crianças com idade entre 12 e 18 anos a esfaquear-se violentamente, cortando, estrangulando e partindo o pescoço de outras crianças - cenas que raramente são vistas em filmes de Hollywood. Embora seja certamente uma forma de o filme capturar a atenção de um público-alvo, "Jogos de Fome" traz à tona uma nova forma de violência que antes era demasiado perturbadora para ser retratada no cinema. Mas, em particular no cenário de "matar-ou-morrer" de "Jogos de Fome", os espectadores facilmente ultrapassam essa barreira psicológica e encontram-se a gritar durante o filme coisas do tipo: "Vá lá, Katniss, pega no arco e atira na cabeça daquele *****!"
CONCLUSÃO
"Jogos de Fome" ocorre num mundo que é exactamente o que é descrito como a Nova Ordem Mundial: uma elite rica e poderosa, uma população explorada e embrutecida, a dissolução da democracia, a força policial, a vigilância de alta tecnologia, os meios de comunicação utilizados para propaganda e um monte de rituais de sangue. Não há, de facto, nada de optimista no futuro distópico descrito em "Jogos de Fome". Até mesmo a dignidade humana seria revogada, visto que as massas são forçadas a assistir à morte uns dos outros, como se fossem animais enjaulados. Dito isto, há pouca ou nenhuma diferença entre os cinéfilos que assistem ao filme "Jogos de Fome" e as massas no filme, que testemunham a crueldade dos Jogos. Ambos são participantes dispostos a ver um evento que retrata o seu próprio sacrifício, sob o olhar divertido da elite. Além disso, pode argumentar-se que o filme exerce as mesmas funções que os Jogos no filme: distrair as massas com sangue e sexo, recordando-as subliminarmente do poder da elite.
Será que "Jogos de Fome" está a tentar avisar um jovem apático dos perigos de permitir que o sistema actual se transforme num pesadelo totalitário? Ou será que está simplesmente a programá-lo para aceitar a chegada de uma Nova Ordem Mundial como uma inevitabilidade? Isto é um bom tema de debate. Mas, ao ler o que foi dito nos meios de comunicação sobre o filme, há um debate ainda mais ardente sobre "Jogos de Fome": O leitor é da equipa de Peeta ou da equipa de Gale?
Fonte: The Vigilant Citizen
Seria uma amostra do vindouro?
ResponderEliminarDe certa forma, já assim é.
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